segunda-feira, 28 de março de 2011

É justamente por medo de errar, que as vezes as pessoas comentem os piores erros da vida.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Dois Lados da Mesma Moeda

Às vezes parece que a vida não é realmente a vida, sinto com se por um momento estivesse vivendo em um universo paralelo de felicidade. Como se as coisas fossem de algodão e que ao menor toque elas irão se desfazer e sair voando pelos quatro cantos. Uma sensação de plenitude invade o meu corpo e é como se eu tivesse levado uma injeção de paz, minha alma se acalma e sussurra cânticos de alegria interna.

Mas tudo isso é interrompido, um baque. E os olhos abrem verdadeiramente para a realidade, os horrores da vida, a dor. A falsidade ri com escárnio das pessoas que por ela se deixam iludir. Pobres almas inquietas e descontentes com o seu próprio presente. Tentando fugir para a fantasia, onde ninguém os fará mal, onde tudo é perfeito e intacto. Onde não há nada além de amor e beleza. Onde acima de tudo, o falso reina.
Um lugar que ao menor movimento se rompe, como um castelo de cristal, lindo e frágil. O que essas pessoas não entendem, é que pessoas são só pessoas. Nenhum símbolo de perfeição. Pessoas trazem a infelicidade, machucam, matam. Usam de todos os artifícios para conseguirem o que querem, são impetuosas e maléficas. Mas pessoas também podem ser boas, generosas e altruístas. Ainda assim, há uma coisa; Uma única coisa que as une. A humanidade.

Porque acima de todo mal ou bem que alguém possa fazer, além de qualquer coisa; a humanidade prevalece. E ser humano quer dizer ser pecador e mentiroso. Quer dizer ser piedoso e ter fé. Mas acima de tudo quer dizer ser errado. Porque entre todas as características, uma não se exclui de ninguém. As pessoas erram. Atire a primeira pedra quem nunca errou.
Porém, aqui vai a verdadeira pergunta.

Você já teve a capacidade de desculpar?


Evening Kitchen – Band Of Horses ♪

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Final.

Sophie foi ao primeiro dia de aula, se sentiu inicialmente deslocada. O lugar era grande e completamente desconhecido, mas mesmo assim, ela tinha sensações de conhecer algumas pessoas, às vezes. Sentou-se calada no canto da sala e não demorou muito para uma garota conversar com ela, e logo de cara fez uma grande amizade, Agatha. Elas eram inseparáveis e conversavam sobre tudo, inclusive sobre o que tinha acontecido com Sophie antes. Agatha gostava de garotas também, e aquilo já era algo muito normal para ela, então soube explicar e tirar várias dúvidas de Sophie.

Agatha e Sophie se davam a cada dia melhor, e ao longo do mês a garota fez ainda mais amizades. Uma em particular muito especial, com Evelyn, que era muito engraçada e querida por Sophie, elas sentavam-se perto na sala de aula e viviam de papo durante a mesma, as risadas não eram contidas muitas vezes e por isso recebiam olhares de repreensão dos demais alunos e professores. Com a garota, Sophie conheceu boa parte das outras fases e agora já possuía várias pessoas conhecidas ali e já não se sentia tão deslocada assim. Além do mais, Evelyn tinha um quê de mau caráter e estava a todo custo tentando levar Sophie ao Pub, que ficava perto da Universidade.

Um dia não resistindo á curiosidade, Sophie se rende á Evelyn e partem as duas para o tal Pub, levando consigo Agatha. O lugar estava completamente cheio, pessoas de todos os tipos e bebidas para todos os gostos, a música alta estava animando boa parte do pessoal, Sophie em particular não gostou nada daquele estilo, mas preferiu não falar nada sobre. Lá Evelyn encontra Jodie, uma velha amiga de sua antiga classe, que agora estava estudando na universidade vizinha. A menina apresenta Jodie ao resto das amigas e logo de cara Sophie simpatiza com ela, e acha até a garota bem interessante, as três amigas convidam a nova garota para beber, e ela senta-se não recusando a proposta.

Sophie começa a observar a garota, querendo tirar algumas conclusões, antes de iniciar algo ou algum interesse por ela. Era uma garota pequena, mal passava do ombro dela, tinha cabelos castanhos escuros, levemente picados um pouco abaixo do ombro, estava com uma regata preta, que destacava os seus peitos, que eram bonitos. Nesse momento Sophie parou o raciocínio, se espantou e pensou.

- Meu Deus Sophie, você está observando o peito de uma garota. O PEITO DA GAROTA. Mantenha o foco.

Voltou a observar, e percebeu que a garota tinha uma corrente de arco-íris muito fofa no pescoço, o que fazia ainda mais Sophie pensar coisas sobre ela.
Olha as horas e sai apressada do Pub, quase perdendo seu ônibus para a casa. Ele estava cheio, mas ela não se importa em ir de pé, apenas analisa demoradamente o dia passado e chega à conclusão de que ele foi muito proveitoso.

As semanas se passam, e Sophie e Jodie mantiveram o contato, agora elas eram amigas, trocavam músicas, filmes e compartilhavam da mesma vontade de ir viajar para a Holanda. As conversas com Jodie sempre eram muito divertidas e o interesse pessoal que Sophie sentia por ela, passou a se transformar em um enorme carinho, como de irmãs. Um dia, andando pela universidade, uma outra amiga de Jodie, confunde Sophie com Natalie e isso provoca muitas risadas e uma grande curiosidade de conhecer essa menina. Jodie fala rindo:

- Quer que eu te apresente ela? Não vai se apaixonar hein.

- Quero sim, que nada. Me apaixonar, não tão cedo isso. De verdade. Ela é legal?

- Quem, a Natalie? Ela é uma figura, tu vai adorar. Só prometa não deixa-la contar as piadas de pinto, por favor.

Sophie não entende o que Jodie quis dizer, mas mesmo assim promete, se despede e combinam de se encontrarem depois da aula no Pub. Mas o encontro não acontece, e outras tantas vezes elas saíram juntas, mas Sophie nunca conheceu a famosa Natalie, até esqueceu-se do tal encontro. Então em uma quarta-feira, a sala de Sophie sai pouco depois do início da aula, e vão ao Pub. O pessoal junta dinheiro e começam as rodadas de Chopp, até que Evelyn avista Jodie e acena. Jodie vem em direção á mesa do curso das garotas, quando Sophie percebe que há pessoas com ela, um garoto alto e magro, com um sorriso simpático no rosto e uma garota. A garota mais linda que ela já vira na vida, ainda mais bonita do que Audrey.

Ela era alta, com os cabelos negros, a pele branca, os olhos de um azul; da cor no mar no dia mais limpo que Sophie poderia lembrar na vida e um sorriso brilhante no rosto. Perfeitamente saída de um conto de fadas. Eles chegam na mesa e ela não consegue tirar os olhos da garota, ela tenta e muito. Mas há algo nela, algo naqueles olhos, o modo como ela encara as pessoas, que deixa Sophie desnorteada. Jodie dá um cutucão na amiga e ela se recompõe, mas ainda sim, fica tentada a olhar para a garota. Eles conversam animadoramente, Jodie, Agatha, Sophie, Evelyn e o garoto, que se chamava Brian. Mas a menina dos olhos cor de mar, só ouve calada, como se aquilo não importasse para ela, como se as pessoas dali fossem insignificantes e ela fosse uma deusa intocável. Isso aumenta cada vez mais o fascínio de Sophie por ela, como se tivessem acendido uma pequena labareda, um fogo latejante em seu corpo, que começou a subir e lhe trouxe conforto.

Sophie não entendia, mas sabia que não queria aquilo, sabia o que aquele calor traria e definitivamente ela não queria passar por aquilo de novo. Não tão cedo, não agora, que ela estava feliz. Não. Então Jodie olha para Sophie, olha para a garota e diz:

- Sophie, esta é Natalie. Natalie, Sophie.

A garota move a cabeça imperceptivelmente para observar Sophie, e fala:
- Oi.
Voltando sua atenção ao que as outras pessoas falavam.

Sophie sente o fogo se esvair, e uma onda de insegurança lhe percorrer o corpo, suas mãos suam e um nó se forma na garganta. Formula várias coisas na cabeça como:

- Não, cale a boca, não fale comigo, não quero gostar de você, saia daqui, não quero conversar...

Mas o que diz é apenas uma palavra simples:

- Oi.

Então tudo volta, todas as sensações de sete meses atrás e Sophie percebe, o que ela menos queria, como um sussurro em sua cabeça.

- Sophie Shalter, vai se apaixonar de novo. Sophie Shalter, vai se apaixonar de novo. Sophie Shalter, vai se apaixonar de novo. Sophie Shalter, vai se apaixonar de novo...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Capítulo Dez

Sophie acorda, vê Mike ao seu lado e todo o nojo próprio volta com uma avalanche de outros sentimentos. Ela levanta do colchão onde estavam, vai até o quarto e vê seu cabelo desarrumado, seus olhos manchados denunciavam o choro durante a noite. Vai até o banheiro, lava o rosto até que as marcas saíssem e prende seu lindo cabelo em um rabo de cavalo mal feito. Volta ao quarto, tentando a todo custo não fazer barulho, troca de roupa e joga a mochila nas costas. Anda até o quarto em que Susan estava, da um beijo em sua bochecha e deixa um bilhete no criado mudo, avisando-a que já havia partido. Vai para casa á passos curtos, e lembra-se na metade do caminho, que seus pais ainda não teriam voltado da viagem. Perfeito!

Ao chegar a casa, joga sua mochila na cama e vai até a cozinha buscar algo para comer, Sophie não pensava em mais nada, só agia, sua cabeça estava vazia, andava como um robô e fazia sempre as mesmas coisas diariamente. Chega a geladeira, pega a garrafa de Coca-Cola já sem gás e põe sobre a mesa, pega um copo e ao pô-lo na mesa esbarra na cadeira e deixa cair, quebrando-o. Sem muita paciência, junta os cacos apressadamente, quando corta sua mão sem perceber, olha. Era um corte na palma, um corte comprido e profundo, mas ela apenas observa o sangue escorrer entre seus dedos, e descendo ao seu pulso. Então instintivamente ela se sente bem, não compreendia aquilo, mas precisava repetir. Então pega um caco qualquer no chão e com muita hesitação, pressiona-o sob o braço. Sem sucesso ela pensa:

- Não acredito que estou fazendo isso, mas vamos lá, não deve ser tão ruim. Foi bom na verdade.

Ela pega um pequeno caco, mais pontiagudo e afiado, e sem hesitação dessa vez, pressiona-o sob a pele do braço, e depois corre ele no sentido horizontal, abrindo um pequeno rasgo próximo ao pulso. Aquilo fez com que um fluxo de adrenalina lhe percorresse o corpo. Sophie se sentiu bem, ao mesmo tempo em que mal, não sabia o porquê, apenas precisava sentir mais daquilo. Então começou a repetir o que fizera antes, por toda a área do pulso de ambos os braços, até perceber que tinha sua camiseta branca praticamente toda manchada por sangue, por dor. Sophie corre desesperada ao banheiro e lava seus braços, mas ambos continuam a sangrar, então ela pega duas toalhas e os envolve os braços. Senta-se no chão, de costas para a parede e despercebidamente adormece ali. Acorda assustada, percebe as toalhas ainda em seus braços, que levemente começam a latejar, põe um moletom, volta à mesa da cozinha e toma a Coca-Cola sem gás que havia depositado ali antes. Escora-se na mesa e fica pensando porque diabos tinha feito aquilo, que era uma tremendo burrice, mas que pelo menos para algo havia servido, porque já não sentia mais dor, não sentia mais nada. Havia muito tempo.

Desde aquela semana, os dias haviam passado, Sophie tinha se formado e já entrara de férias, longe de tudo que lhe fazia mal, cercada de amigos e diariamente contemplando uma das coisas que ela mais tinha admiração, que era o mar. Ela finalmente começava a se sentir feliz, mesmo com as repentinas aparições de Audrey no balneário em que ela passava as férias. Sentia que algo tinha mudado, em relação á ela e os seus sentimentos. Sim, ainda doía, machucava, e as marcas em seu pulso seriam uma eterna lembrança do amor doentio que sentiu por aquela garota. Mas que hoje, já não sentia mais, ainda possuía o frio na barriga, quando Audrey passava por seu lado. E mesmo que agissem como duas completas desconhecidas, sabia que a menina ainda se lembrava dela e de como riram com coisas banais e de como passaram momentos felizes juntas. Os finais das férias chegaram, junto com a expectativa do ingresso á Universidade, vidas e pessoas novas. E um mundo novo a descobrir, mais uma coisa para ajuda-la á esquecer Audrey.

Notícias.

Falaê galera, eu e a Natália (@_littleshadow), estamos com um blog "novo", só de contos, portanto meus novos contos, começarão a serem postados lá http://hiddenselfmn.blogspot.com/ gostaria que vocês fossem dar uma olhada.

Aliás, terminarei de postar o último conto aqui, mas os próximo serão só lá, mantenho o meu blog, mas com outro tipos de coisas (que ainda não sei o que vão ser). Mas enfim, é isso, uma boa leitura aí. Obrigada.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Capítulo Nove

A partir daquele dia, foi como se o mundo tivesse morrido para Sophie, nada mais tinha a devida graça. E o pior, o que ela mais gostava, fazia lembrar Audrey, todas as bandas que ela ouvia, todos os filmes que via e as roupas que gostava, tudo lhe lembrava Audrey.

Todos os novos amigos que agora tinha, os que haviam restado, lembravam ela. Sua vida era um pedaço desfragmentado da passagem de Audrey. E á cada vez que á via, a garota lhe virara a cara e Sophie ficava pior, cada dia que passava as coisas só pioravam. Não tinha vontade de comer, de conversar com ninguém, só queria poder ver o sorriso amigo de Audrey de volta. Ela simplesmente não aceitava aquela condição, se penalizava por ter estragado tudo e por ter contado a Lara.

Queria poder conversar sobre isso com alguém, mas eles não entenderiam e a distanciariam ainda mais de tudo, resolveu sofrer calada, vestir a fantasia de menina feliz e ser ela mesma, só nas horas vagas. Sophie ia à escola, comia, dormia, assistia televisão, conversava com os amigos como se estivesse em um modo automático. Aquilo para ela não significava nada, não vivia mais. Apenas sobrevivia. Então durante um final de semana em que seus pais tinham viajado, Sophie jogada no sofá, assistindo qualquer banalidade na TV, ouve o telefone tocar, atende:

- Oi?

- Oi, Sophie, é a Susan.

- Oi, eu sei quem é. O que é?

- Nossa, estou feliz em conversar também. Mas então, esse sábado a gente vai ver alguns filmes aqui em casa, se você quiser vir, tem lugar para dormir.

- A gente quem? Acho que vou sim, preciso me distrair.

- A gente: Eu, Anne, Mike, Greg, Julian, você e o Matt, só que ele ainda não confirmou.

- Okay, eu vou, é para levar o que?

- Qualquer coisa com álcool, a comida eu vou dar... Enfim, tenho que desligar, a gente se vê. Aliás, pode vir ás 20 horas.

- Tudo bem, nos vemos então. Tchau!

- Tchau!

Sophie vai até o armário e pega algum dinheiro para comprar uma bebida no mercado. Chegando lá decide comprar uma vodka, forte e rápida. Exatamente do que ela precisava. Ao voltar para casa, percebe que já estava matematicamente atrasada, toma um banho rápido, pega um vestido florido qualquer, e o veste apressadamente, já que o verão estava no auge e o calor era insuportável.

Sophie chega 10 minutos atrasada, vendo todos lá, dá um oi coletivo e se apressa em deixar suas coisas no quarto de Susan, ainda não tinha decidido se dormiria lá ou não. Mas achou melhor garantir e trazer roupas para isso. Vão todos para a sala levando as suas respectivas bebidas e Anne chega logo depois com as duas pizzas. Começam a comer e a beber, e decidem ver o filme só depois que terminarem de fazer isso.

Após duas horas bebendo, nenhum deles se sentia exatamente bem, tinham acabado com quatro das seis garrafas que haviam trazido e decidem então verem os filmes escolhidos. Alternam-se nos colchões dispostos no chão e Sophie fica na ponta, ao lado de Mike. Optaram por ver o filme de terror primeiro, porém na metade dele, Anne, Julian e Greg já dormem profundamente. Susan e Matt saíram da sala e Sophie já imaginava até onde estariam e o que estavam fazendo e ela, estava ali desconfortavelmente ao lado de Mike e um estado de semi consciência, entre dormir ou ficar acordada. Quando no clímax do filme, ela leva um susto e despercebidamente se aproxima do garoto ao seu lado, consegue se acalmar e nota que seu sono tinha passado e também que Mike estava com uma proximidade bem perigosa de seu pescoço, ainda tonta se afasta discretamente do rapaz, mas logo em seguida pensa:

- Porque não? Ele é muito bonito, está solteiro e dane-se o que eu sinto por Audrey, isso passara se eu começar a aproveitar as oportunidades.

Mas Sophie teve nojo de si ao pensar isso, como poderia tentar substituir a pessoa que amava, por algo simplesmente corporal? Por um simples prazer. Ela não queria saber, só queria que aquela dor passasse, porque, por mais que fossem somente alguns instantes. Ela não sentiria nada.

Com um ímpeto de coragem, ela chega perto do garoto, que percebe e repousa sua mão sob o ombro dela. Então Sophie aproxima um pouco seu corpo do dele, fazendo Mike pegá-la pela cintura e encostar seu corpo ao dele. Sophie o olha e sente nojo de si, então fecha seus olhos e fica dizendo para si mesma: Vai passar, vai passar, vai passar. E o beija. Mike intensifica o beijo, pegando-a com mais força pela cintura e pressionando seu corpo ao dela. Sophie queria muito sair dali, sentar em algum lugar e chorar, mas se deteve e obrigou seu corpo a ficar ali. Então Mike desce a mão que estava repousada na cintura de Sophie, o que á faz sentir arrepios, ele beija o pescoço dela. E mais uma vez a garota não sentia nada, tinha se posto em modo automático, outra vez. Tudo o que tinha em sua cabeça era o sorriso lindo de Audrey e como á amava.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Capítulo Oito

No outro dia, Sophie é acordada pelo toque do celular, coisa que não suporta. Mas ao ver de quem se tratava, esboça um sorriso de orelha á orelha. Era Audrey. Atende.
- E então, porque não foi á festa ontem?

- Eu fui á festa ontem.

- Como assim foi? Eu não vi você lá. Que pena.

- É, mas adivinhe, eu vi Lara. E mais do que vi, eu conversei com ela.

Sophie fica muda ao telefone. Audrey conitnua:

- Enfim, não posso demorar. Só liguei para dizer, que preciso conversar com você. Até mais.

E então, desliga não dando oportunidade de Sophie ao menos saber do que se tratava. Suas mãos começam a tremer e o suor lhe brota na testa. Pensa no que Lara disse ontem á noite, e se ela realmente teria feito aqui. Não, ela não poderia ter feito aquilo. Ela não poderia ter contado tudo á Audrey, não agora que as duas estavam se dando tão bem.

Sophie almoça e se arruma para ir á escola. Mas não queria, não queria ter essa tal conversa com Audrey, e se ela nunca mais falasse com Sophie? Ou sei lá, alguma coisa pior, que ela não conseguira pensar. Tentou arranjar desculpas para faltar, mas viu que isso não adiantaria, só lhe adiaria a tortura. Então alçou a mochila ás costas e partiu com o ônibus para a escola.

Ao chegar lá, pode ver Audrey esperando-lhe no portão, desceu e tentou passar direto por ela, ir para á sala e lá se refugiar até a partida para casa. Mas em uma fração misteriosa de um segundo, Audrey lhe pega pelo pulso e a puxa do meio do fluxo de pessoas, á olha nos olhos e diz:

- Venha comigo, precisamos conversar em um lugar mais calmo.

Sophie apenas assentiu com a cabeça e segui a garota. Retiraram-se para um canto mais afastado da escola, aonde pouca gente ia, era uma sombra embaixo de algumas árvores, Sophie sentou-se, pegou um pequeno galho e ficou esperando que Audrey começasse a falar. Audrey fez menção em falar, mas logo exitou. Ficou em silêncio por alguns minutos e então disse:

- Olha, eu realmente gosto muito de você, mesmo. É uma das meninas que eu conheci, que foram mais legais comigo e tal. E quando enquanto eu estive aqui, fez amizade comigo... Mas assim, eu não sou gay.

Sophie olha para Audrey como se tivera cometido um pecado mortal, enxe seus olhos de lágrimas e fala baixinho:


- Mas a Lara disse que...

- Não importa o que disseram, eu estou dizendo que não, eu não fico com garotas, por mais que pareça e tal. Não rola.

Sophie não sabia o que fazer, nunca sentira tanta vergonha na vida, mas algo dentro dela dizia que aquilo tudo era mentira, que não poderia ter se enganado tão fácil assim com Audrey. Então a menina continua:

- Escuta Sophie, não quero deixar de ser sua amiga, mas tenho de admitir que as coisas vão mudar daqui pra frente. Não posso garantir nada.

Sophie não fala nada, consente, levanta com os olhos ainda cheio de lágrimas e sai, deixando Audrey ali, nas sombras das árvores.