terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Capítulo Nove

A partir daquele dia, foi como se o mundo tivesse morrido para Sophie, nada mais tinha a devida graça. E o pior, o que ela mais gostava, fazia lembrar Audrey, todas as bandas que ela ouvia, todos os filmes que via e as roupas que gostava, tudo lhe lembrava Audrey.

Todos os novos amigos que agora tinha, os que haviam restado, lembravam ela. Sua vida era um pedaço desfragmentado da passagem de Audrey. E á cada vez que á via, a garota lhe virara a cara e Sophie ficava pior, cada dia que passava as coisas só pioravam. Não tinha vontade de comer, de conversar com ninguém, só queria poder ver o sorriso amigo de Audrey de volta. Ela simplesmente não aceitava aquela condição, se penalizava por ter estragado tudo e por ter contado a Lara.

Queria poder conversar sobre isso com alguém, mas eles não entenderiam e a distanciariam ainda mais de tudo, resolveu sofrer calada, vestir a fantasia de menina feliz e ser ela mesma, só nas horas vagas. Sophie ia à escola, comia, dormia, assistia televisão, conversava com os amigos como se estivesse em um modo automático. Aquilo para ela não significava nada, não vivia mais. Apenas sobrevivia. Então durante um final de semana em que seus pais tinham viajado, Sophie jogada no sofá, assistindo qualquer banalidade na TV, ouve o telefone tocar, atende:

- Oi?

- Oi, Sophie, é a Susan.

- Oi, eu sei quem é. O que é?

- Nossa, estou feliz em conversar também. Mas então, esse sábado a gente vai ver alguns filmes aqui em casa, se você quiser vir, tem lugar para dormir.

- A gente quem? Acho que vou sim, preciso me distrair.

- A gente: Eu, Anne, Mike, Greg, Julian, você e o Matt, só que ele ainda não confirmou.

- Okay, eu vou, é para levar o que?

- Qualquer coisa com álcool, a comida eu vou dar... Enfim, tenho que desligar, a gente se vê. Aliás, pode vir ás 20 horas.

- Tudo bem, nos vemos então. Tchau!

- Tchau!

Sophie vai até o armário e pega algum dinheiro para comprar uma bebida no mercado. Chegando lá decide comprar uma vodka, forte e rápida. Exatamente do que ela precisava. Ao voltar para casa, percebe que já estava matematicamente atrasada, toma um banho rápido, pega um vestido florido qualquer, e o veste apressadamente, já que o verão estava no auge e o calor era insuportável.

Sophie chega 10 minutos atrasada, vendo todos lá, dá um oi coletivo e se apressa em deixar suas coisas no quarto de Susan, ainda não tinha decidido se dormiria lá ou não. Mas achou melhor garantir e trazer roupas para isso. Vão todos para a sala levando as suas respectivas bebidas e Anne chega logo depois com as duas pizzas. Começam a comer e a beber, e decidem ver o filme só depois que terminarem de fazer isso.

Após duas horas bebendo, nenhum deles se sentia exatamente bem, tinham acabado com quatro das seis garrafas que haviam trazido e decidem então verem os filmes escolhidos. Alternam-se nos colchões dispostos no chão e Sophie fica na ponta, ao lado de Mike. Optaram por ver o filme de terror primeiro, porém na metade dele, Anne, Julian e Greg já dormem profundamente. Susan e Matt saíram da sala e Sophie já imaginava até onde estariam e o que estavam fazendo e ela, estava ali desconfortavelmente ao lado de Mike e um estado de semi consciência, entre dormir ou ficar acordada. Quando no clímax do filme, ela leva um susto e despercebidamente se aproxima do garoto ao seu lado, consegue se acalmar e nota que seu sono tinha passado e também que Mike estava com uma proximidade bem perigosa de seu pescoço, ainda tonta se afasta discretamente do rapaz, mas logo em seguida pensa:

- Porque não? Ele é muito bonito, está solteiro e dane-se o que eu sinto por Audrey, isso passara se eu começar a aproveitar as oportunidades.

Mas Sophie teve nojo de si ao pensar isso, como poderia tentar substituir a pessoa que amava, por algo simplesmente corporal? Por um simples prazer. Ela não queria saber, só queria que aquela dor passasse, porque, por mais que fossem somente alguns instantes. Ela não sentiria nada.

Com um ímpeto de coragem, ela chega perto do garoto, que percebe e repousa sua mão sob o ombro dela. Então Sophie aproxima um pouco seu corpo do dele, fazendo Mike pegá-la pela cintura e encostar seu corpo ao dele. Sophie o olha e sente nojo de si, então fecha seus olhos e fica dizendo para si mesma: Vai passar, vai passar, vai passar. E o beija. Mike intensifica o beijo, pegando-a com mais força pela cintura e pressionando seu corpo ao dela. Sophie queria muito sair dali, sentar em algum lugar e chorar, mas se deteve e obrigou seu corpo a ficar ali. Então Mike desce a mão que estava repousada na cintura de Sophie, o que á faz sentir arrepios, ele beija o pescoço dela. E mais uma vez a garota não sentia nada, tinha se posto em modo automático, outra vez. Tudo o que tinha em sua cabeça era o sorriso lindo de Audrey e como á amava.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Capítulo Oito

No outro dia, Sophie é acordada pelo toque do celular, coisa que não suporta. Mas ao ver de quem se tratava, esboça um sorriso de orelha á orelha. Era Audrey. Atende.
- E então, porque não foi á festa ontem?

- Eu fui á festa ontem.

- Como assim foi? Eu não vi você lá. Que pena.

- É, mas adivinhe, eu vi Lara. E mais do que vi, eu conversei com ela.

Sophie fica muda ao telefone. Audrey conitnua:

- Enfim, não posso demorar. Só liguei para dizer, que preciso conversar com você. Até mais.

E então, desliga não dando oportunidade de Sophie ao menos saber do que se tratava. Suas mãos começam a tremer e o suor lhe brota na testa. Pensa no que Lara disse ontem á noite, e se ela realmente teria feito aqui. Não, ela não poderia ter feito aquilo. Ela não poderia ter contado tudo á Audrey, não agora que as duas estavam se dando tão bem.

Sophie almoça e se arruma para ir á escola. Mas não queria, não queria ter essa tal conversa com Audrey, e se ela nunca mais falasse com Sophie? Ou sei lá, alguma coisa pior, que ela não conseguira pensar. Tentou arranjar desculpas para faltar, mas viu que isso não adiantaria, só lhe adiaria a tortura. Então alçou a mochila ás costas e partiu com o ônibus para a escola.

Ao chegar lá, pode ver Audrey esperando-lhe no portão, desceu e tentou passar direto por ela, ir para á sala e lá se refugiar até a partida para casa. Mas em uma fração misteriosa de um segundo, Audrey lhe pega pelo pulso e a puxa do meio do fluxo de pessoas, á olha nos olhos e diz:

- Venha comigo, precisamos conversar em um lugar mais calmo.

Sophie apenas assentiu com a cabeça e segui a garota. Retiraram-se para um canto mais afastado da escola, aonde pouca gente ia, era uma sombra embaixo de algumas árvores, Sophie sentou-se, pegou um pequeno galho e ficou esperando que Audrey começasse a falar. Audrey fez menção em falar, mas logo exitou. Ficou em silêncio por alguns minutos e então disse:

- Olha, eu realmente gosto muito de você, mesmo. É uma das meninas que eu conheci, que foram mais legais comigo e tal. E quando enquanto eu estive aqui, fez amizade comigo... Mas assim, eu não sou gay.

Sophie olha para Audrey como se tivera cometido um pecado mortal, enxe seus olhos de lágrimas e fala baixinho:


- Mas a Lara disse que...

- Não importa o que disseram, eu estou dizendo que não, eu não fico com garotas, por mais que pareça e tal. Não rola.

Sophie não sabia o que fazer, nunca sentira tanta vergonha na vida, mas algo dentro dela dizia que aquilo tudo era mentira, que não poderia ter se enganado tão fácil assim com Audrey. Então a menina continua:

- Escuta Sophie, não quero deixar de ser sua amiga, mas tenho de admitir que as coisas vão mudar daqui pra frente. Não posso garantir nada.

Sophie não fala nada, consente, levanta com os olhos ainda cheio de lágrimas e sai, deixando Audrey ali, nas sombras das árvores.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Capítulo Sete

Sophie e Lara não demoram a chegar à festa, que já estava cheia de gente. Andam por ela para reconhecer seus amigos ali, o que fazem rápido, juntam-se á eles e começam a aproveitar a festa. Mas Sophie não está contente, pois não viu Audrey, sabe que ela não gosta de lugares com muitas pessoas, mas que viria, pois haviam combinado isso. Resolve procurar outra vez, pela escola e ver se a encontra.

Depois de procurar incansavelmente por 30 minutos, desiste. Vai até Lara, que se encontrava no meio da festa e pede o restante dos cigarros, que estavam na carteira, Lara percebe o seu abalo, mas não fala nada, apenas dá o que ela pede. Sophie, vaga pela escola, até encontrar um lugar propício para fumar, que era junto á um grupo de garotos, que estavam atrás do ginásio. Eles apenas cumprimentam a garota, que permanece quieta em um canto. Quando de repente Lara aparece e diz:

- O que você tem? Espere, eu devo saber, é Audrey não é? Ela não veio, foi isso?

Sophie apenas consente com a cabeça e dá um longo suspiro. O que deixa Lara preocupada e a faz começar a fazer perguntas:

- Isso que você sente por essa garota. Não é apenas atração, não é? Porque olhe o estado em que você está, por Cristo, erga a cabeça. Isso é só uma paixonite boba, uma coisa passageira. Há pessoas bem mais interessadas em você, mais do que ela.

- Não, isso não é só uma paixonite boba. Eu á conheço, ela é como eu, ela gosta das mesmas coisas e pensa do mesmo jeito. Ela é a única pessoa que entende como eu sou e me faz sentir bem com isso. Só com ela, eu posso ser o que quiser. Não venha me dizer que isso é uma paixonite. Eu amo essa garota.

- Então, você á ama e não vai fazer sobre isso?

- Absolutamente não, não há o que fazer, há?

- Sim, fale isso á ela, tenha coragem para isso.

- Não é tão fácil assim. Deus, ela é uma garota. Como vou dizer que á amo?

- Do mesmo jeito que você diria a qualquer outra pessoa. Eu Te Amo Audrey, huum...?

- Audrey Zuton. Eu Te Amo Audrey Zuton. Não vou conseguir.

- Então deixe que eu diga isso por você.

Dizendo isso, Lara vira as costas e sai. Sophie deixa seu corpo escorregar pela parede lisa do ginásio, senta e permanece ali pelo resto da noite.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Capítulo Seis

Depois de boa parte da garrafa de vodka, quase todos os cigarros da carteira e muitos assuntos já discutidos. Sophie e Lara apenas riem e falam coisas aleatórias. Quando Lara á olha meio torto e fala:

- Hey, já teve vontade ficar com garotas? - E sorri após dizer isso.

Sophie se apavora, mas algo a faz ter confiaça para contar para Lara, não tudo. Nada sobre Audrey, mas que sim e ela diz:

- Ah, já, quem não teve vontade de ficar com alguma menina na vida? Você já teve?

- Já, e quase fiquei uma vez.

- Sério? Com quem?

Sophie não esconde a admiração, mas olha bem para Lara e admite para si que ela era uma garota muito bonita. Loira, de um tamanho médio, com os cabelos lisos e um corpo bem definido, Lara não era de se desperdiçar, muitas pessoas já deveriam ter tido vontade de ficar com ela. Lara percebe que Sophie á observa, mas continua a conversa.

- Sabe aquela garota que entrou a pouco no turno da tarde? Uma baixinha de cabelos castanhos, meio estranha.

Sophie não acredita no que está ouvindo, estará Lara falando de Audrey? Não exita em perguntar:

- Quem? Audrey?

- Isso, essa mesma. Uma vez estávamos no banheiro, aqui da escola mesmo, entramos em um mais no final e ela me pressionou contra a parede e disse: “Bom, então vamos fazer o que viemos aqui para fazer.” Mas nessa hora, eu não tive coragem e sai. Ela não olha direito para mim desde então, não que faça muita diferença...

Podia não fazer para Lara, mas para Sophie fazia e muita diferença. Então não agüentou aquilo e desabafou para Lara:

- COMO VOCÊ FEZ ISSO?! A garota é perfeita, é linda, inteligente, conhece coisas legais... Nossa, muita burrice!

Lara se espantou com a reação estranha de Sophie, á olhou bem nos olhos e perguntou:

- Você por acaso não está a fim dela, não é?

- Quem, eu? Absolutamente que não...Sim, estou. EU ESTOU GOSTANDO DE UMA GAROTA. Não consigo acreditar nisso ainda.

- Mas ela sabe que você está gostando dela?

- O que? Quem? Audrey? Nem pensar, não quero que ela saiba disso de modo algum, ouviu?

- Mesmo depois de saber que ela fica com garotas?

Uma chama de excitação se acendeu nos olhos de Sophie, Lara pode vê-los faiscando de felicidade. Mas ela se apressou em dizer:

- Sim, mesmo depois de saber disso. Ela fica com garotas, não quer dizer que ficaria comigo.

- Ah, fale sério Sophie, você tem exatamente o mesmo perfil que ela, e alguém teria de ser muito burro para não ficar com você. Eu ficaria...

Sophie tenta esconder a vergonha, após esse comentário de Lara e muda de assunto.

- Olha, já está na hora da festa, deveríamos ir, ou vamos perder toda a diversão.

Lara á olha, pensativa e em um tom de ironia, já se levantando diz:

- Você tem toda a diversão aqui, mas já que insiste tanto, vamos. Vamos ver a sua Audrey.

E segue rindo, em direção á parte da frente da casa.

Passagem

Ela se despediu, como se aquele fosse o último adeus. Com um visível aperto ficou observando o ônibus ir, até perdê-lo de vista. Virou as costas para a estrada e se pôs a caminhar distanciando-se cada vez mais do ponto de partida. E era assim que acontecia, todos os dias, com várias pessoas ao longo do mundo. Loren realmente não compreendia porque as pessoas iam embora, como elas possuíam um desapego tão grande a ponto de deixar aquilo que lhe era mais valioso, longe de si.

Dentre meses observando aquelas pessoas desconhecidas, ela sempre via a mesma coisa, dor, lamentação, tristeza. E exatamente por isso achava que as pessoas eram pateticamente burras. Porque não continuar juntos? Construir algo em conjunto, lutar por isso?

Mas ao mesmo tempo em que achava burrice, Loren sabia como eram as coisas. Sabia que algumas pessoas simplesmente não podiam ficar, não conseguiam permanecer em um mesmo lugar, vivendo a mesma história por muito tempo. Sabia que sua vida era como em uma estação. Onde várias pessoas passam, mas nenhuma verdadeiramente fica, a garota já se acostumara com isso, a ser só e a não compartilhar seus pensamentos com ninguém. Achava até melhor, mesmo frequentemente se sentindo só, preferia evitar que as coisas piorassem com o tempo.
A solidão era sua melhor amiga e era opcional, ela sabia que era a única coisa que não á machucaria e que se fosse embora, não faria falta.

The Mars Volta – The Widow ♪


Estava escrevendo o capítulo Seis, quando me bateu uma vontade de escrever outra coisa, então só me deixei levar. E saiu isso, postei para quebrar um pouco, mas não é nada da continuação, só algo bem random mesmo.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Capítulo Cinco

Depois daquele dia, Sophie e Audrey passaram a conversar com freqüência, tendo cada vez mais intimidade, elas andavam juntas na escola, se ligavam após o horário e se viam às vezes, nos finais de semana. Sophie já estava completamente envolvida e achava que Audrey era uma ótima amiga, mas ainda tinha a sensação de que havia algo errado.
E foi em uma conversa com Susan que ela realmente pode ver o que estava acontecendo. Dizia ela:

- Mas Sophie, o que você tem com essa Audrey? Porque de cinco palavras, quatro são o nome dela. Além do que você só fala dela, vive pensando nela, a tua vida agora gira em torno dessa garota. Meu Deus, você não está apaixonada por ela, né?

Sophie olha para Susan que ria da pergunta, com uma cara de reprovação e chateada diz:

- Sim, eu estou apaixonada por ela Susan. Por favor, que pergunta imbecil. Não sai falando isso por ai, como se eu já fosse bem vista pelas pessoas, para você ainda ficar falando essas besteiras. Eu gosto de garotos, você sabe. Tanto que estou com Greg agora, e gosto muito dele.

- Calma, eu falei isso brincando, não sei o motivo de toda essa chateação, a menos que não seja uma brincadeira, não é?

- Se você está querendo insinuar alguma coisa, espero que tenha fatos para isso. Porque me irritou e você bem sabe com eu fico, quando estou assim. Tchau.

Sophie sai de perto de Susan, á passos largos, visivelmente irritada com aquela conversa. Mas o que ela não entendia era o motivo da própria irritação, até porque aquilo tinha sido só uma brincadeira de mal gosto, não é?

Não.

A resposta era tão óbvia, que tinha sido difícil de enxergar durante todo esse tempo. Sophie Shalter estava cegamente apaixonada por Audrey Zuton e isso á desesperava. Era uma garota, ela não podia gostar de uma garota. O que as amigas dela iam pensar disso, se é que depois de saberem ainda seriam suas amigas. Sophie estava visivelmente transtornada, não queria ver Audrey, nem sequer conversar com ela, mas aquele maldito sorriso não saia de sua cabeça.
Parou, respirou e pensou que isso passaria. Amanhã era o dia da festa dos alunos, eles não teriam aula só à festa á noite. Então ela ia andar por ai, por a cabeça no lugar e depois iria à festa, estava resolvido. Resolveu também chamar alguém para ajudá-la a esquecer isso, alguém que não fossem suas amigas. Nem Greg, já que só ia vê-lo no final de semana.

Pegou o telefone e ligou para Lara, uma menina que passara para o turno dela há pouco tempo, mas que se tornara sua amiga. A menina, que era um ano mais nova aceitou fazer companhia á ela e disse que ainda levaria algo para beberem.
Se encontraram ás 16 horas uma rua atrás da escola, Lara não fazia perguntas sobre o que acontecia, porém o transtorno na face de Sophie era visível. Pegou-a pela mão e disse:

- Não preciso saber porque você está assim, apenas quero ajudar. E já sei onde vamos.

Sophie não fez nenhum tipo de pergunta, apenas se deixou levar por Lara, não andaram muito e chegaram a frente a uma casa abandonada. Sophie á olha com uma cara de surpresa e diz:

- É esse o lugar que você ia me trazer? Você quer me ajudar, ou me estuprar?
Lara apenas ri do que Sophie disse e fala:

- Depois que você entrar, pode reclamar, apenas faça.

Sophie entra por um buraco na grade, logo atrás de Lara e a segue para a parte de trás da casa. Chegando lá elas se sentam em dois sofás bem conservados que estavam na área da casa. A garota larga a mochila e lá de dentro tira uma garrafa de vodka e uma carteira de cigarros, olha para Sophie e sorrindo diz:

- Bem vinda a minha festa particular, Sophie Shalter!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Capítulo Quatro

Após uma semana sem ver Audrey direito, mesmo estudando na mesma escola, Sophie começa a desconfiar que a garota tivesse trocado de turno, ou algo do tipo. Tenta não se importar, afinal Sophie mal falará com ela, mas algo dentro de si está totalmente interessado naquela garota, algo que ela ainda não sabe o que é.
Escova os dentes, pega sua mochila, seu inseparável Ipod e vê no celular que está muito atrasada. Apressa-se para pegar ônibus, mas quando chega à esquina de sua rua, vê ele já ao longe. Diminui o ritmo dos passos e percebe que terá de fazer o trajeto até a escola, a pé. Procura seus óculos escuros na mochila, mas lembra que o deixou em cima da mesa e murmura:

- Idiota, sempre esquecendo as coisas. Quando você vai ser mais organizada Sophie Shalter?

Depois de 10 minutos andando, já consegue ver um pavilhão de sua escola e agradece por isso, porque estava pensando seriamente em parar e sentar na beira da calçada para descansar. Sophie para um instante para trocar a mochila de ombro e para trocar de música, percebendo que começaria a executar a playlist de The Strokes. A primeira música por acaso era sua preferida, então olha para os lados e já que não vê ninguém começa a cantá-la em voz alta. No meio de toda a empolgação de Juicebox, Sophie sente um toque no ombro direito, o que a faz levar um susto muito grande e soltar um grito por isso. Vira-se preparada para brigar com a pessoa que fez aquilo, porém é pausada quando percebe ser Audrey.
A garota estava parada, paralisada pelo riso, enquanto Sophie sentia suas bochechas corarem, depois de algum momento rindo Audrey respira fundo, olha para Sophie e diz com uma feição pensativa:

- Curte Strokes né, muito bom. O que mais você gosta de ouvir?

Sophie pega totalmente desprevenida, gagueja quando vai dar a resposta:

- Go, gosto de The Killers, Bloc Party. Ah, tem muita banda, não vou saber assim de cabeça.

Audrey ri e fala:

- É realmente, deve ter muita banda, mas essas já bastam. Finalmente alguém com um gosto musical decente. Eu conheço um monte de bandas legais, se querer depois te passo. Mais agora, acho melhor a gente começar a andar, porque desse jeito não pegaremos nem a segunda aula.

Sophie se assusta ao perceber que ficaram ali, sob o sol por cerca de 40 minutos conversando sobre música e apressa-se em chegar á escola. Chegando lá o guarda do portão não as deixam entrar naquela aula, pois elas teriam que esperar ainda mais 20 minutos. Então se sentam na calçada e ficam olhando para a rua, esperando o tempo passar. Sophie queria muito saber o motivo da ausência de Audrey durante uma semana da escola, então em meio ao silêncio, dispara uma pergunta que a faz se arrepender muito depois:

- Não vi você nenhum dia da semana passada na escola, realmente não veio. Ou fui eu que não procurou direito?

Audrey para de mexer no seu Ipod e olha para Sophie com uma expressão de surpresa no rosto, dizendo.

- Você me procurou?

- É, não. NÃO, é só que senti falta sua, pelos corredores.

- Você sentiu minha falta?

- Ai, esquece a pergunta. Foi só que sei lá, eu não vi mais você, foi isso.

- Hum, é que eu acabei sendo obrigada a ir viajar com meus pais. Mas preferiria ter ficado na escola, além da viagem ter sido um saco, a escola agora, me parece bem mais interessante.

Após dizer isso, ela se levanta e vai em direção ao portão, no mesmo instante em que o sinal bate, deixando Sophie sentada na calçada, tentando entender se tinha entendido aquilo certo.