domingo, 28 de novembro de 2010

Capítulo Três

Mas o mais incompreensível para ela, não era todo esse sentimento que sentira, ou como isso foi repentino. Mas o fato de tudo isso, todo o fascínio, o momento de pausa do mundo e boa parte da tarde passada longe da aula, perto da imagem da pessoa, era por causa de uma garota. Sim, uma garota! Menina, do sexo feminino. Sophie estava começando a se achar louca, e isso á deixou um pouco perturbada, então pegou seu Ipod e algum dinheiro em sua mochila e saiu para o intervalo, precisava respirar, sentar em algum canto e se distrair conversando com suas amigas, até o papo sobre o garoto novo lhe serviria agora. Porém nenhuma delas quis sair, preferiram ficar na sala, falando sobre ele e definitivamente, ela precisava de ar puro. Desceu as escadas com pressa, torcendo muito para que não encontrasse a tal garota e pensou em comprar uma Coca-Cola, uma das únicas coisas que ajudariam acalmá-la agora. Pega a fila, que era de algumas poucas pessoas e atrás de si, ouve barulhos de moedas caindo, educadamente abaixa-se e ajuda a juntá-las, e quando se vira para devolvê-las ao dono, vê de todas, a pessoa pela qual menos torcia. A garota do banco.

Devolve as moedas rapidamente, colocando sobre a mão da menina e sai da fila, sem nem ao menos comprar a Coca-Cola e tendo a certeza de que suas bochechas ficaram vermelhas, sua respiração ofegante e sua cara, patética. Se dirige ao outro lado da escola, senta em um banco, um pouco isolado e fica á espera do sinal bater. Começa a pensar coisas sem sentido, que não sabia nem ao certo explicar o que eram, mas uma pessoa interrompe seu fluxo mental, ao sentar do seu lado, então ela percebe que essa pessoa era a garota. E pensa: – Porque diabos, com tanto lugares livres na escola, ela tem de vir sentar ao meu lado, nessa droga de banco?

Sophie permanece olhando para frente, tentando á muito custo, controlar sua respiração, que começava a vacilar. Tendo a garota á centímetros de si, sentia todo o seu corpo formigar, mas nada o silêncio permanecia. Até que com um movimento brusco, a garota se vira para Sophie, estende a mão, sorri e diz:

- Oi!

Sophie não sabia o que dizer, sentiu que queria correr dali, ao mesmo tempo em que queria ficar, pensou em várias coisas, mas somente o que conseguiu dizer foi:

- Oi!

Após alguns momentos a garota, ainda olhando para Sophie fala, estendendo a mão:

- Meu nome é Audrey.

Sophie pega na mão de Audrey para cumprimentá-la e sente a pele de sua mão muito gelada, mas ainda sim de uma delicadeza grande. Enfim olha para a garota, sentada a sua frente e diz:

- Meu nome é Sophie. Sophie Shalter, prazer em conhecer você, é, huum. Audrey… ?

Audrey completa:

- Zuton, Audrey Zuton.

Então o sinal bate, Sophie se despede rapidamente de Audrey e corre em direção a porta do Hall. Com uma expressão pálida e assustada, entra na sala, já com a professora e senta no fundo, ao lado da janela. De onde pode ver, Audrey indo para sua sala, com passos calmos e lentos. Como se nada tivesse acontecido e aquilo tivesse sido algo totalmente normal. Sophie vira para frente, e decide tentar prestar atenção na aula de literatura, que era, por sinal a melhor aula do dia. Mas todos os esforços seriam em vão, pois sabia que não deixaria de pensar um só segundo no sorriso de Audrey, e na estranha frieza de sua mão, contrastando com a maciez. E nem sequer do nome da garota, Audrey Zuton pensou, que nome bonito.

sábado, 27 de novembro de 2010

Capítulo Dois

Ao chegarem ao ponto de descida, Sophie espera todos descerem, para então seguir á escola, ela não tinha pressa para chegar, não tinha o mínimo interesse naquele lugar ultimamente, nada que lhe fizesse querer ir para lá. Andando descompassadamente, chuta pedrinhas ao longo do asfalto, até passar pelo grande portão da escola.

Ela dá um grande suspiro e pensa: – Vamos á tortura diária então, se bem que hoje tem literatura, algo que me agrada nessa maldita escola.

Pensa também em apressar o passo, para chegar logo na sala, e não ter que presenciar a lamentável confusão, que causará a chegada do tal aluno novo. Mas como sempre, a preguiça é mais forte, e ela detém-se a somente olhar para os lados e manter seu passos calmos em direção ao hall.

E foi nesse exato momento, que algo aconteceu, como se tivessem alterado a cor do fundo de todo o mundo, ou tivessem aumentado a sua saturação, porque tudo passou de um preto, branco e cinza, para algo colorido. Ela vê, sentada em um banco lateral a porta, uma pessoa completamente diferente de todas que ela já tinha visto, não sabia dizer no que esta pessoa se diferenciava, era algo sem explicação. Ela possuía quase um brilho próprio, como se um refletor á iluminasse, e o simples movimento de balançar a cabeça no ritmo da música e cantá-la, gerou em Sophie um dos maiores fascínios de sua vida, ela suou frio e aquele momento pareceu ter sido parado, pois ela sentia como se tivesse ficado séculos observando tal figura sentada. Isso até que seus olhares se cruzaram, e Sophie sentiu suas bochechas quentes, o que não era normal para ela.

E mesmo a pessoa estando muito longe para vê-la, ela sentiu vergonha, como se o que acabasse de ter feito, fosse uma coisa totalmente proibida. Sophie lamentou que antes de subir apressadamente ás escadas, evitando todos até mesmo suas melhores amigas, não tivesse reparado em mais nenhuma expressão no rosto da pessoa, a não ser uma enorme curiosidade. Pois o completo fascínio que a tomara, impediu toda a sua percepção de se manifestar. Ela só viu repetidamente aqueles olhos castanhos profundos, lançando olhares curiosos em direção á ela, sua boca com um pequeno sorriso esnobe no canto, que mexia de acordo com a letra da música, que a imaginava ser alguma em inglês. O cabelo, castanho claro, picado na altura dos ombros e o jeito jogado de como ela sentava no banco, apoiando sua mochila nas pernas.

Sophie ficou por horas durante a aula, vendo essa mesma cena em sua cabeça, horas de uma felicidade estranha, que vinha de sei lá onde e lhe provocando um frio na barriga e forçando um sorriso entre seus lábios.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sophie Shalter, Onde Tudo Começou

Capítulo Um

Outra manhã em que Sophie Shalter acordava prevendo seu dia. TV, comer, escola, TV, comer, dormir. E isso se estenderia pelos 365 dias do ano, ou pelo menos até que terminasse novembro (mês em que se encontrava) e chegasse o tão esperado dezembro, e até ela chegar á tão esperada faculdade. Então ela levanta, vai á frente do espelho e prende seu longo cabelo castanho, que particularmente era uma coisa bem estranha, pois possuía aos olhos de Sophie, pelo menos uns três tons de castanho. Mas ela não ligava, o achava bonito, com algumas pontas onduladas e outras partes lisas. Reparou que acordara também, sem nenhum sinal de olheiras, o que para alguém que possuía o hábito de dormir muito tarde, não era normal. Ela achou bom, pois a ausência delas realçava a cor de seus olhos âmbares.
Sophie, ao contrário da média, era uma garota alta (demais, pensava ela), e não muito preocupada em ter uma aparência impecável para os outros. Havia chego a um estado que somente se vestia e ia para a escola por pura rotina e isso não á incomodava, aliás, rotina nunca á incomodara, ela achava isso bom, pois não precisava pensar em coisas, á não ser sobre o mundo que gostaria de viver; localizado nos seus pensamentos diários.
Então ela come, não muito. Veste o uniforme da escola, que este ano estava muito mais digno do que os outros, pega seu Ipod e segue ao ponto do ônibus, que á levaria até a escola. Lá encontra suas amigas Anne e Susan que durante o trajeto todo, conversam animadoramente sobre o novo menino que entraria na sala das três, no dia.
Mas Sophie é diferente, não se interessa nenhum pouco por isso, e fica pensando qual o motivo de tanta euforia, por somente um simples garoto? Não que ele fosse diferente de tantos outros, e não que ele não fosse fazer o que todos eles faziam e que acabava sempre a machucando, no final. Mas dessa vez não, pensava ela, não iria se deixar levar por essas coisas, se aplicaria nos estudos e tentaria fazer o tão desejado curso, de Cinema. Ao fundo ouvia os planos das amigas e ia achando aquilo cada vez mais escroto e sem sentido. Susan dizia:

- Será que ele é gostoso? Porque se for, é meu hein amiga...
Anne retrucava dizendo:
- Seu nada, vai ver quem ele vai preferir. Com ar de superioridade, que já era marca registrada dela.

E ambas riam de tudo aquilo, e por mais que Sophie aumentasse o volume da música em seus fones, ainda podia ouvir, ao longe, sem nenhum esforço a intenção por trás da amizade das amigas, com o novo menino. O que á fazia pensar, porque elas eram assim, porque todas as pessoas eram assim, enquanto ela era tão diferente? Talvez a única diferente, no meio de tantos iguais. Isso era algo que á assustava e muito.

New.

Deixando o outro post meio de lado, resolvi postar a história de Sophie Shalter aqui. Até porque esse é o meu verdadeiro blog D: então para não complicar a vida das pessoas (e a minha) postarei aqui. Fim.