sábado, 22 de maio de 2010

Beira do Fim

Ler ouvindo: Charlie Darwin - The Low Anthem ♫


E o acordar para ela, era um simples abrir de olhos; porque depois que ele se fora nada mais fazia sentido.
Se perguntava o que estariam fazendo caso ele estivesse alí, talvez correndo em volta do lago,
o que era seu passatempo preferido. Ou se estariam apenas se olhando e rindo do nada.
Mas afinal, nada mais importava, o fato era que ele havia ido; para sempre e mesmo que ela não pudesse acreditar, eram os fatos.
E em meio á esse turbilhão de lembranças, ela começou a indagar-se de como tudo seria dalí pra frente.
De como seria conviver com todas as pessoas, quando cada uma delas lembrava algo dele, quando cada palavra dita lembrava as coisas que ele falava.
Como cada risada era sem significado perto de tanta dor que jazía dentro dela. Então ela foi á um lugar que só eles conheciam, onde tudo era ele,
tudo era dele onde mesmo que ela tentasse fugir, os fantasmas não a deixariam esquecer de onde estava.
Era o penhasco, aquele canto esquecido de Deus, em que eles foram tantas vezes se ver. Era lá que ela se encontrava agora, decidida a fazer algo
para acabar com aquilo de vez. E como quando tudo está ruim, sempre tende a piorar, algo dentro de si, chamava , pedia por explicações.
E foi o que ela fez, quis pagar pra ver. E aquele alguém lhe perguntava:
- Porque você não segue em frente? esqueça ele, tudo na vida passa.
Mas ela sabia que não era verdade, ele não passaria. Porque foi forte demais, se tornou algo inesplicável, uma ligação sobrenatural.
E aquilo continuava a perguntá-la,
- Se você o amava tanto, porque não fez algo para impedir o que aconteceu? estava tudo nas suas mãos, todo o tempo.
E sim, aquilo era verdade, ela se culpava á cada segundo de sua existência por tudo ter acontecido daquele jeito.
Mas quanto mais existia culpa, mais aquela voz dentro dela se tornava alta e pertinente. E a induzia a fazer coisas,
- Porque você não chega ais perto da beira? não vai te fazer mal. Mas seja prudente, não quer acabar como ele, quer?
- É só uma escolha, não precisa tomá-la, não seja burra, olhe para baixo. São apenas pedras e água.
Mas ela sabia qeu não eram simplesmente pedras e água, era alí.
Alí que estava, o que por tanto tempo foi seu motivo de viver. E como ela queria aquilo de volta.
Então ela deu um passo em frente e foi como se seu corpo estivesse ligado ao dele, como se cada movimento que ele havia feito, ela agora repetia.
Mais um passo, outro e outro. Uma parada abrupta, quando ela sentiu o vento gélido do inverno em seu rosto.
Recobrando por instantes a consciência do que estava fazendo, antes da voz voltar a instigar-lhe o pensamento.
- Vamos, finalmente vai encontra-lo e então retomar o que não deveria te nunca terminado.
E com um ímpeto de coragem, ela se pos a andar; em direção ao nada. Em direção á ele. Um passo de cada vez.
Sem pressa, logo ele estaria ali. Ela podia senti-lo agora e mais á cada vez que se aproximava da beira. Estava á poucos passos dele.
Podia até sentir seu cheiro, seu hálito. Podia ve-lo agora, ele acenava, sussurrava seu nome; com aquela doce voz de sempre.
Então como que uma borboleta sai do casúlo, ela deu o último passo. E nesse instante ela pode sentir seu toque.
Sentiu o calor de seus braços, a ternura de seu abraço, Sentiu que estava em casa, de onde ele não deveria ter saido e para onde agora ela havia ido.


Frio, muito frio.
Navy Taxi - Kate Nash ♫

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