"Se eu não olhasse, se eu não tivesse do mundo a apreensão do olhar, só o aprendesse pelo tato, pelos ouvidos, pelo olfato, pelo gosto, seu eu só o aprendesse assim, que noção eu teria por exemplo do amanhã?
O que seria amanhã, o amanhecer, o dia e o entardecer, a noite? Que visão teria eu dessa realidade, se eu não aprendesse o mundo pelo olhar? A textura, a corporeidade das coisas, dos objetos, é diferente se eu apenas tocas com os dedos.
Mas quando eu olho, a riqueza que a minha percepção recebe do olhar é uma coisa incomparável com relação à que os outros sentidos me permitem aprender...
Quer dizer, eu apreendo o mundo por este ou por aquele sentido, mas os sentidos se integram numa totalidade, são meios diversos de que o corpo humano dispõe para aprender a diversidade do real." (Ferreira Gullar)
Sendo assim, o quão importante para nós é o olhar? ou melhor, o quão importante é ver, olhar e enxergar? E no que eles realmente diferem, pois não basta executar um. Ambos, compartilham de individualidade.
Uma pessoa que olha, apenas olha. Todos olham, um cego somente, não possui tal capacidade. Ver, não é simplesmente isso, é algo a mais, precisa-se olhar para ver. Correlacionam-se.
Entretanto para enxergar, não é necessário ver, nem sequer olhar. Para isso nos basta apenas perceber, sentir o que os olhos não veem. Porque é fato, que nem todos podem ver.
Mas para enxergar, os olhos não são necessários. Porque, podemos sonhar. Ah! e para sonhar não se precisa de nada material, ou substancial. Precisa-se somente de imaginação.
Para sonhar não se impõem limites e barreiras, vamos além de um campo de visão. Além das próprias percepções humanas. Onde até mesmo um cego, enxerga.
Talvez lá, nos sonhos; ele seja o que de todos; mais enxergue. Porque, ele pode não ver as coisas, mais as enxerga como elas realmente são e faz isso com o que todos deveríamos fazer.
Sente, não com imagens, mas com o coração.
Like Knives - City And Colour ♫
Nenhum comentário:
Postar um comentário